Augusto nasceu
no interior da Paraíba. Filho de conhecido e culto advogado em cuja excelente
biblioteca encontravam-se obras de
Darwin, Spencer, Lamarck e outros teóricos evolucionistas europeus. A exemplo
do pai, foi aluno brilhante e bacharelou-se com distinção na Faculdade de
Direito do Recife. Depois de formado, passou a lecionar na capital da Paraíba.
Casou-se e, em seguida, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde permaneceu por 4
anos e teve 2 filhos. Atacado pela tuberculose, viajou a Minas Gerais, fixando
residência em Leopoldina. Lá morreu com tão-somente 30 anos, tendo um único
livro escrito e publicado.
Única obra: Eu
(1912)
Augusto
dos Anjos é um caso à parte na poesia brasileira. Autor de grande sucesso
popular, foi ignorado por certa parcela da crítica, que o julgava mórbido e
vulgar. Alguns estudiosos que se debruçaram sobre essa obra única e
absolutamente original perderam tempo discutindo se a mesma era parnasiana ou
simbolista. O domínio técnico e o gosto pelo soneto comprovariam o primeiro rótulo.
A fascinação pela morte, a angústia cósmica e o emprego de ousadas metáforas
indicariam a tendência simbolista.
Esse
debate tornou-se obsoleto perante estudos mais recentes, como o de Ferreira
Gullar, que acentuam a modernidade dos
versos de Eu. Talvez nenhum outro autor do período merecesse tanto a
denominação de pré-modernista como Augusto dos Anjos.
Pré-modernista
ele é na mistura de estilos, na linguagem corrosiva, no coloquialismo e na
incorporação à literatura de todas as “sujeiras” da vida.
Durante
muito tempo discutiu-se também se ele era grande poeta, hoje estudiosos
sublinham a sua singularidade temática e linguística, mesmo reconhecendo
eventuais deslizes. Pode-se gostar ou não de sua obra mas sonetos como Versos
Íntimos estão de tal forma entranhados na memória do leitor brasileiro que não
mais podem ser ignorados, tornaram-se clássicos.
Leitura do Poema negro
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