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Mais um nas alturas


Proposta de produção textual de uma narrativa
Atividade desenvolvida:
Leia as previsões de Moacyr Scliar a respeito das possíveis características e destinos do “menino que nasceu nas alturas”. Escolha aquela que achar mais inspiradora e, a partir dela, crie uma narrativa, em 1ª ou 3ª pessoa, em que o menino seja o personagem principal ou protagonista.

Previsões sobre o menino que nasceu nas alturas
Moacyr Scliar

Mulher dá à luz no banheiro de avião francês durante voo. Uma passageira da companhia francesa Air Austral deu à luz uma criança no banheiro do avião em que voava da cidade de Lyon para a ilha francesa de Reunião, no oceano Índico. A passageira entrou no banheiro do aparelho sem avisar ninguém. Uma aeromoça percebeu que a mulher, de 25 anos, não saía e foi perguntar o que estava acontecendo. Só então soube que um bebê estava nascendo enquanto o avião, com 170 passageiros, sobrevoava o território etíope. Um médico que estava a bordo se encarregou de cortar o cordão umbilical e comprovar que a mãe e o recém-nascido estavam em perfeito estado de saúde.

1. Este menino sempre terá um motivo de orgulho. Seus amiguinhos, ingenuamente, dirão que foram trazidos por uma cegonha, ave que, como se sabe, tem limitada capacidade de voo e de transporte de carga. Mas o menino poderá dizer que foi trazido por um potente avião, que, além dele, levava 170 passageiros, todos maravilhados com seu nascimento.

2. Este menino sempre terá uma dúvida: qual a sua nacionalidade? Francesa? Talvez. Ele nasceu de mãe francesa, numa aeronave francesa, entre dois aeroportos franceses. Mas, por outro lado, neste momento o avião sobrevoava território etíope, estava no espaço aéreo etíope. Não deveria ele considerar-se um etíope? Sim, todo mundo sabe que a renda per capita da Etiópia não é lá essas coisas, que o país é pobre e que passou por períodos de fome; mas destino é destino, e se o destino quis que ele nascesse etíope, não seria o caso de aceitar este fato como realidade? Não seria o caso de (mais tarde, naturalmente) mudar-se para a Etiópia e iniciar uma carreira política, lançando-se candidato sob o lema "Desci do céu para salvar o país"?

3. Este menino sempre se considerará superior a outros mortais. Na verdade, ele nasceu a meio-caminho entre o céu e a terra, o que teoricamente o situaria em uma peculiar posição hierárquica, entre os seres humanos e os anjos. Por causa disso, ele terá um ar angelical. Muito cedo aprenderá a tocar harpa. E procurará uma bela moça a quem possa servir de anjo da guarda.

4. Este menino sempre inspirará inveja a outros meninos. Que debocharão dele, dizendo "você é um avoado, você está sempre no ar, trate de pisar em terra firme". A isso ele responderá com desprezo: não falo com criaturas inferiores, eu já tinha milhagem desde o meu primeiro segundo de vida.

5. Este menino sempre terá um secreto receio: e se um dia uma astronauta grávida embarcar numa nave espacial, dando à luz fora da órbita de gravidade da Terra? Neste momento a sua glória inevitavelmente diminuirá, ele passará para um segundo plano no noticiário. Só uma alternativa lhe restará então: casar com uma marciana, uma daquelas mulherzinhas verdes e com antenas, e ter um filho no distante planeta. Um recorde que só será quebrado quando alguém der à luz numa galáxia muito, muito longínqua (ver: "Guerra nas Estrelas")

Folha de São Paulo (São Paulo) 9/1/2006

Disponível em: <http://www.academia.org.br/artigos/previsoes-sobre-o-menino-que-nasceu-nas-alturas>.

      Texto desenvolvido pela aluna Ana Claudia Röhrs, na aula de Língua Portuguesa, turma 3º ano Normal/Magistério, no Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Arroio do Tigre.

                                                           Mais um nas alturas
     Essa semana estava mexendo em alguns papéis velhos que levaria em minha viagem para a França e, no meio daqueles papéis, achei um diferente, era uma matéria na qual eu era o destaque, pois não é sempre que nasce um bebê como eu nasci... no banheiro de um avião francês.
     E lendo isso pensei: - Não é sempre que isso acontece, afinal a probabilidade de um ser humano nascer no céu é muito pequena, ainda mais com 7 bilhões e meio de pessoas nascendo na terra. E ainda ganhar muito dinheiro por ter nascido no céu... deve ser algo raro, então, devo ter acertado na loteria duas vezes. Sim, eu fiz vários comerciais e todos eles num avião. E, então, refleti como minha vida havia sido maravilhosa devido a isso, pois estava muito bem de vida, com um emprego adorável, e com pessoas que amo muito. A única coisa de que não gosto é que ainda tenho alguns amigos que fazem piadinhas, do tipo, de que eu sou avoado ou que vivo nas nuvens, mas nem dou mais atenção para isso...
     Então, peguei aquele pedaço de papel muito importante e guardei junto com as outras coisas pessoais, pois estou indo passar uma temporada na França. Não poderia deixar para trás aquela reportagem, afinal, foi graças a esse dia, a esse acontecimento, que estou indo para lá. Era hora de sair, senão perderíamos o voo. Saímos, chegamos em cima da hora.
      No meio da nossa trajetória entre Suíça e França, minha esposa pegou em minha mão. Quando olhei para ela, compreendi tudo... ela entrava em trabalho de parto. Ainda bem que eu me formara médico devido ao fato que ocorreu com minha mãe. Na realidade, era meu sonho poder ajudar uma mãe a dar à luz no céu, e foi justamente isso que fiz com minha esposa, meu filho... Eu estava nervoso, eufórico, e feliz com todas essas emoções que tomaram conta de mim, todas de uma só vez.
      Fiz o parto, e nasceu uma bela menina de olhos azuis como o céu e, sim, elas passam bem. Após algum tempo, chegamos na França, fomos para o hospital somente para garantir, pois sabia que estava tudo bem com elas. Por coincidência (ou não?), era justamente o hospital em que eu trabalharia e também o hospital em que minha mãe também foi levada. Ficamos ali olhando um para o outro... muito felizes, seria coisa do destino? Não sei dizer, só sei que, enfim, mais um nas alturas. Agora será a vez dela ser feliz.


Aluna Ana Claudia Röhrs

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